Datasus (Banco de Dados do Sistema Único de
Saúde), em 2009, foram assassinadas 51.434 pessoas no Brasil
Muitas coisas deram certo no Brasil. Outras não. Vivemos num país
maravilhoso do ponto de vista natural, mas extremamente conflitivo,
desigual e violento. Em números absolutos (total de mortes intencionais
no país, sem levar em conta o número da população), nenhum país do mundo
matou mais que o Brasil em 2009. Vivemos num país doente.
De acordo com os dados do Datasus (Banco de Dados do Sistema Único de
Saúde), em 2009, foram assassinadas aqui 51.434 pessoas: 26,6
homicídios para cada 100 mil habitantes (levou-se em conta o mesmo
número populacional utilizado pela ONU: 193.431.718 habitantes no citado
ano).
A segunda colocada, em termos absolutos (não levando em conta a
proporção com a população), é a Índia, com cerca de 40 mil mortes. Sua
população é quase cinco vezes maior que a do Brasil, mas aqui
assassinamos muito mais gente.
Recente estudo da ONU divulgou que, em 2009, o Brasil teria tido
43.909 assassinatos: 22,7 mortes para cada 100 mil habitantes. A fonte
dessa informação foi o Ministério da Justiça. Está errada, se comparada
com a do Datasus. O Brasil é muito mais violento do que o anunciado pela
ONU.
Em 2008, foram 50.113 mortes. Em 2009, 51.434. O Brasil ocupa o
terceiro lugar no ranking da taxa homicídios por 100 mil habitantes
dentre os países que mais matam na América Latina. Em primeiro, vem a
Venezuela, com 49 homicídios por 100 mil habitantes. Em segundo lugar,
aparece a Colômbia: 33,4 homicídios por 100 mil habitantes.
Os números da mortandade intencional no Brasil são mais que
epidêmicos, são típicos de uma guerra civil (não declarada). A
desigualdade, que não melhorou nem sequer com a pujança econômica do
nosso país, é uma das responsáveis por essa tragédia nacional. Depois,
vem a violência policial, as drogas, a desorganização urbana, a
impunidade etc.
O Brasil ocupa o sexto lugar mundial na relação homicídios x
população. Porém, em termos absolutos, sem sombra de dúvida, é um dos
países mais perigosos do planeta.
A Copa do Mundo de 2014, assim como as Olimpíadas de 2016, vai
acontecer em um dos palcos mais sanguinários do planeta Terra! O pior é
que as causas do problema não estão sendo enfrentadas. A cada dia o
legislador anuncia nova lei dizendo ser isso a solução. A população
aceita o “remédio” enganoso, mas não está cuidando da “doença”.
Luiz Flávio Gomes é jurista - fonte
Foro São Paulo
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