Corneteiro, toque Silêncio! |
Escrito por Jorge Alberto Forrer Garcia - Coronel de Cavalaria R/1 |
Nota de Falecimento Com a entrada no ar, no último dia 3, do novo portal do Exército Brasileiro na Internet, veio a ser definitivamente sepultada a Revolução Democrática de 31 de Março de 1964. Nos dois únicos locais onde ela podia ser vista naquele site era na sinopse histórica da Força Terrestre e na relação das datas festivas e comemorativas - lá ela já não está mais. É bem verdade que a coitada já de algum tempo vinha dando sinais de que seria "riscada" da História, a fim de não criar arestas com o poder dominante. Segue agora rumo ao esquecimento, onde se juntará à Intentona Comunista de 1935 e à Guerrilha do Araguaia. Afinal, não passam de apenas "factóides" criados pela mente deturpada de chefes militares da época e pelos quais muitos de nossos irmãos de armas - bestas que foram - cumpriram seu juramento à bandeira, dando a vida em defesa da honra, da integridade e das instituições do Estado Brasileiro. Não queria crer que fosse simples assim apagar episódios da História Militar brasileira, mas o foi. Lembra aquela conhecida figura de uma cobra, em posição circular, abocanhando o próprio rabo, ou seja, comendo-se a si mesma. Quero ver agora como é que se vai fazer com a denominação histórica atribuída `a 4ª Brigada de Infantaria Motorizada, com sede em Juiz de Fora/MG e que, mediante portaria do Comando da Força - recebe a denominação de "Brigada 31 de Março". Outra coisa chatinha de se lidar vai ser com a série de outras denominações relacionadas com personagens que se destacaram na Revolução, como o Marechal Castello Branco, por exemplo, pois há várias homenagens a ele em repartições do Exército e essas honrarias, não obstante ter-se destacado na Força Expedicionária Brasileira (FEB), ele as obteve por sua oportuna intervenção nas ações de preparação e condução da Revolução que ora se quer esquecer. E a ponte Presidente Costa e Silva, a Rio - Niterói? Quando formos perguntados por que ela recebe esse nome diremos o quê? Que é uma homenagem a um militar que deu sua vida por uma revolução que não existiu? Corrijam-me os companheiros se eu estiver delirando: - Não fomos formados todos pensando que o Brasil tinha salvado-se a si mesmo em 1964? Se a coisa aconteceu assim, quer dizer que fui, por muitos anos, iludido sobre um fato histórico que não aconteceu? Sendo assim, será que posso acionar a União na Justiça por danos morais devido a ter-me proporcionado uma formação equivocada que hoje me torna um "deslocado" da sociedade politicamente correta? Sim. Um "deslocado", pois, a todo ano estarei em algum lugar relembrando as datas de nascimento daquelas senhoras: a Intentona Comunista de 1935, a Revolução Democrática de 1964 e a Guerrilha do Araguaia. Meus sentimentos às pessoas ligadas às falecidas e que em algum momento deram suas vidas por elas. CLARIM, TOQUE SILÊNCIO! link - fonte |